Caixa corta juros do financiamento imobiliário; mas taxa ainda fica acima de bancos privados

Postado por Villarino Imóveis no dia 8 de outubro de 2019 em Mercado Imobiliário

(Fonte: O Globo/Foto: Agência Brasil)

BRASÍLIA – Uma semana depois de bancos privados, como Bradesco e Itaú Unibanco, terem reduzido suas taxas crédito imobiliário , a Caixa Econômica Federal também anunciou redução de suas taxas nesta terça-feira. O corte será  de até 1 ponto percentual. Com isso, a taxa mínima para quem é cliente do banco cairá de 8,5% ao ano para 7,5% ao ano mais a Taxa Referencial (TR). A máxima baixará de 9,75% ao ano para  9,5% ao ano, mais a TR.

Bradesco e Itaú reduziram suas taxas para 7,3% e 7,45% ao ano mais TR, respectivamente. O movimento, dizem os bancos, foi possível devido ao novo cenário de juros baixos. A taxa básica de juros, a Selic, está em seu menor patamar histórico, de 5,5% ao ano.

As novas taxas da Caixa entrarão em vigor na próxima segunda-feira e valerão para novos contratos. Serão beneficiados contratos enquadrados no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), com recursos da poupança para imóveis até R$ 1,5 milhão, e no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) – dentro do modelo tradicional, corrigido pela TR, atualmente zerada.

– Essa é uma reação  à redução consistente da taxa de juros. Nós reagiremos a qualquer movimento do Banco Central (BC). Se o BC continuar baixando os juros, nós seguiremos essa direção – afirmou o presidente da Caixa, Pedro Guimarães.

Contrato de R$ 1,9 bi na linha com IPCA

De acordo simulação da Caixa, em um financiamento de R$ 300 mil, com prazo de pagamento de 30 anos, por exemplo,  o valor da prestação cairá R$ 232,97 com a taxa mais baixa – saindo de R$ 2.879,78 para R$ 2.646,81.

Em agosto, o banco lançou uma nova modalidade indexada à inflação . Por ela, a taxa mínima é de 2,95% ao ano e a máxima, de 4,95%, mais o índice de preços. Estes percentuais não serão alterados pelos próximos seis meses, segundo Guimarães porque a linha é recente ainda está sendo avaliada.

Guimarães admitiu que essa linha de financiamento traz maior risco para os tomadores porque o valor da prestação pode subir se houver um alta no índice de preços. No entanto, o consumidor tem a vantagem de pagar uma prestação menor, embora o prazo de pagamento também seja mais curto. Já no caso da TR, o risco é menor.

– Pelo IPCA tem mais volatilidade. Nós queremos que os brasileiros façam as escolhas por eles mesmos – destacou Guimarães.

De acordo com a Caixa, apesar do risco envolvido na modalidade, a demanda é considerada elevada. Em menos de dois meses, o volume contratado atingiu  R$ 1,96 bilhão e já foram aprovados pedido de empréstimos que somam R$ 10,12 bilhões. O total de consultas superou 3,5 milhões.

Segundo o consultor José Urbano Duarte, o corte nos juros do crédito imobiliário é sempre inclusivo. Ele cita como exemplo um financiamento de R$ 300  mil, com prazo de pagamento de 30 anos e comprometimento de renda de 30%. Neste caso, a redução de 1 ponto percentual equivale, em média, a uma renda 10% menor. Ou seja, com uma taxa de 8%,  é  necessário ter uma renda mensal de R$ 7.100;  com  7%, o valor da renda baixa para R$ 6.450.  Na prática essa família passa a ter direito de comprar um imóvel no valor que antes ela não poderia.

Caixa vai reduzir taxa para gerir FGTS

Em meio à polêmica sobre o fim do monopólio da Caixa como operador exclusivo dos recursos do FGTS, previsto no relatório da medida provisória (MP) que amplia os saques dos Fundo em tramitação no Congresso,  Guimarães aproveitou o anúncio das novas taxas do crédito imobiliário  para reforçar a posição contrária do governo à proposta.

O presidente da Caixa afirmou  que a equipe econômica avalia reduzir a taxa de administração de 1%  cobrada pelo banco para gerir os recursos do Fundo –  o  que assegurou à Caixa  R$ 5,1 bilhões no ano passado. O percentual é definido pelo Conselho Curador, presidido pelo Ministério da Economia.

Segundo Guimarães, o impacto dessa receita no resultado da Caixa é de apenas R$ 684 milhões  porque o banco tem despesas e custo elevado com operações, principalmente no programa Minha Casa Minha Vida no interior do Norte e do Nordeste.

O argumento da Caixa para continuar com gestor único dos recursos do FGTS é que a disputa com outros bancos vai exigir dela revisão das operações para não ter prejuízo, o que poderia  prejudicar os municípios mais pobres:

– Se o Congresso quiser (quebrar o monopólio da Caixa), há o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU). E se a Caixa tiver que concorrer com os bancos privados, vai ter que precificar operação por  operação. Forçar a Caixa a ter prejuízo não é gestão de Pedro Guimarães – destacou.

Até setembro, o total contratado pela Caixa no crédito imobiliário atingiu R$ 62 bilhões em setembro, somando recursos do FGTS e da poupança. No período, foram financiadas 365 mil unidades.